O desenho dela
Oh, minha senhora,
eu vos amo tanto
que até por vosso marido
já sinto um certo quebranto.
eu vos amo tanto
que até por vosso marido
já sinto um certo quebranto.
(Mário Quintana)
Dia desses, um amigo mineiro – tão bão ter esse amigo; tão bão ele ser mineiro. Então, dia desses, ele te viu: te apontei na rua.
Silencioso “(como convém a um bom sujeito mineiro)”, ficou por longo tempo coçando distraidamente a barba. Quando eu mesmo já havia diluído tua passagem, ele comentou entre os dentes, muito de mansinho: “Bem desenhada, ela”.
Aquele comentário me fez lembrar a primeira vez que te vi. Do teu contorno de deusa inundando as retinas dos meus olhos. Desenhando vontades; mapeando curvas de desejos; descortinando canyons de êxtase.
(Eu chegava de longe, lembras? Havia atravessado desertos – uma travessia desnaturada, sobrevivendo do ato absurdo de chupar recordações mortas – estava vazio… opaco… seco mesmo. Lembras? Lembras que chegastes a comentar sobre a fábula do filme O paciente inglês: “Às vezes a gente atravessa todo o deserto atrás do nosso grande amor, e o reencontramos morto”).
Teus olhos – tâmaras! –, foram me alimentando lentamente com o néctar de outros tempos. Viestes com cuidados ancestrais e eu não tive tempo. Me debati, claro. Tentei rodeios; inventei razões; falei de desacertos; cantarolei músicas inaudíveis; amarelei gestos…
Tentei conter. Não consegui. A inundação foi inevitável!
Agora, o que realmente faz do outro lado um simples vazio idiota, é essa tua ausência de mulher casada.
3 comentários:
Eu nem sabia que você tinha criado um blog! Que bacana, seja bem-vindo à blogosfera, Xico Santos!
Muito bom o texto postado.
abraços
Belo é o desenho do seu texto, Xiqueto...
beijos,
San
que boa chegança, xico.
deussejalouvado, e também digo o amém: amém!
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