quinta-feira, 22 de março de 2012

Era uma vez... (10)


Música

Senhora...

O mar castigou o penhasco... Sem dó!

Acordei sob o encanto de um som singelo: uma flauta transversal, soprada com mestria... Não mexi sequer o mindinho... Nem mesmo abri os olhos... Fiquei saboreando aquele sopro de requintada educação...

Nem o vento apareceu naquela hora morna... O Sol tardaria ainda... Não... Não é que ele deu pra atrasar, não... É que o anel de poluição que enfeia a cidade, não permite.

Música!

Quando por fim, o dia escancarou as janelas, fui olhar as árvores... Vi alguns sanhaços na amoreira da esquina, que brincavam de “primeiro eu...”.

Ah!... Esqueci de te contar: os pardais estão em extinção, juro!... Verdade... (Justo eles, que só perdiam pros pombos!)... Cada vez se vê menos deles por aqui...

Por que será?!

Sim!... João é lindo... E alegre... Basta alguém apontar a máquina e ele já abre o sorriso... E aperta as pálpebras, à espera do flash...

Mostrei pra ele, dia desses, a pequena e bela Antônia, da Cris Lima, na tela da maquininha... Ele colocava o dedo na tela e ria de fazer rir... Uma delícia!

Puxou ao avô, esse menino!

Sim, senhora... Está tudo pronto por aqui... Não, de avião, não!... “De avião, nem a pau, Juvenal!”... Aquilo dá um desengano, são muitas horas ao relento... Vou, não!
Vou mesmo é de navio...

Aproveitar pra reler todos os livros do Conrad.

Agora, espera... Não, não irei numa daquelas “cidades flutuantes”, repleta de gente doida e bêbada, não!
Ah, vem não!... As pessoas morrem de forma estranha dentro daquilo... Nem mesmo aquela escritora famosa explica, tô fora! Só vou se você conseguir me convencer o sentido que há em viajar ao lado de outros 5.733 passageiros.

Explica?

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